O C4G

Car@s Colegas da comunidade C4G – Colaboratório para as Geociências, é com um verdadeiro prazer que me dirijo a vós nesta 1ª Newsletter do C4G quer como membros das suas 15 Instituições Parceiras, quer como membros dos seus grupos de trabalho e de linhas de ação, quer como potenciais utilizadores dos seus serviços e produtos.

O C4G é a Infraestruturas de Investigação do RNIE (Roteiro Nacional das Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico) que alberga a maioria dos laboratórios e instituições académicas, de investigação e governamentais focadas nas diferentes áreas das Geociências, como comprova o facto de sermos provavelmente a Infraestrutura com mais instituições parceiras. Se isso traz uma enorme vantagem ao demonstrar que a maioria de nós percebeu a importância de fazer parte de uma tal comunidade, também trouxe vários desafios particularmente difíceis na implementação do C4G, um dos quais foi também a sua interligação com o EPOS (European Plate Observing System), o ERIC (European Research Infraestruture Consortium) da qual o C4G é o representante nacional. Ser um dos países mais ativos no EPOS-ERIC levanta diversos desafios mas também permite várias oportunidades que procuramos trazer para todos na comunidade C4G.

A este momento de grande incerteza geral na vida das pessoas, junta-se também a incerteza no futuro do RNIE. Em conjunto com as outras infraestruturas de investigação temos envidado grandes esforços junto da tutela para garantir que após esta fase de implementação se seguirá uma outra, já de operacionalização, onde a procura e a utilização dos diversos serviços e produtos proporcionados pelo C4G começará a ser algo comum.

Até lá, pedimos que acedam ao nosso portal (www.c4g-pt.eu) e o explorem (e nos proporcionem feedback). Que distribuam (e contribuam) para esta nossa newsletter. Que, sumariando, nos procurem sempre que queiram partilhar ou busquem um serviço ou produto do C4G.

Rui Fernandes, Coordenador C4G


Dados Magnéticos e Observatórios


Paulo Ribeiro1, M. Alexandra Pais1,2, Jorge Cruz3,
Fernando J. G. Pinheiro1,2, Marta Neres3

Observatório Magnético da Universidade de Coimbra (COI), atualmente integrado no Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra (OGAUC), é a infraestrutura principal em que se apoia o grupo de trabalho Dados e Observações Magnéticas (GT6) do C4G. Criado em 1864, é o único observatório em Portugal continental e dos mais antigos da rede de observatórios da Associação Internacional de Geomagnetismo e Aeronomia (IAGA), e tem contribuído com dados para a criação de modelos globais do campo geomagnético principal e respetiva variação secular. Estes modelos, como os da geração IGRF (International Geomagnetic Reference Field), são utilizados como fonte de informação de orientação em sistemas integrados de navegação, mas também na investigação de questões fundamentais de Geomagnetismo e Geodinâmica interna, como as da origem e evolução do campo geomagnético. Os dados dos observatórios magnéticos são ainda fundamentais nos estudos dos fenómenos da interação Sol-Terra e da meteorologia espacial. Com efeito, eventos solares energéticos podem alterar significativamente o nível de radiação eletromagnética e corpuscular do meio interplanetário, com consequente perturbação dos estados de equilíbrio da magnetosfera e ionosfera e a formação de importantes tempestades magnéticas. Os efeitos resultantes sobre o funcionamento dos sistemas de navegação, comunicação e redes elétricas são estudados no âmbito da meteorologia espacial e afetam o modo de vida moderno,

às vezes de maneira dramática, crescendo o seu impacto à medida que nos tornamos mais dependentes de sistemas tecnológicos.

No OGAUC e no Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra (CITEUC) estamos ativamente envolvidos em projetos que procuram dar resposta a estes novos desafios científicos e societais. Um destes projetos, o MAG-GIC (Correntes Induzidas pelo Campo Geomagnético no Território Português), tem como objetivos principais o cálculo das correntes geomagneticamente induzidas (GICs) na rede elétrica nacional e a elaboração de cartas de risco, necessárias ao planeamento de ações de mitigação por parte das entidades responsáveis. As séries magnéticas do COI servirão de base neste estudo à caraterização das fontes indutoras de GICs na rede elétrica nacional.

Quer integrados numa rede global de observatórios e estações magnéticas, quer individualmente para caraterização de efeitos regionais e locais, os dados do observatório de Coimbra, da estação de São Teotónio (IPMA) e da rede nacional das estações de repetição são fundamentais em diversos estudos geofísicos e geológicos, e na análise de riscos naturais. A modernização e criação de novos observatórios e estações, a par da promoção duma maior interação entre as instituições envolvidas através da partilha otimizada das infraestruturas, recursos e dados magnéticos, inscrevem-se como objetivos principais do grupo de trabalho GT6 do C4G.

1 – CITEUC, Observatório Geofísico e Astronómico, Universidade de Coimbra, Rua do Observatório, 3040-004 Coimbra, Portugal
2 – CITEUC, Departamento de Física, Universidade de Coimbra, Rua Larga, P-3004 516 Coimbra, Portugal
3 – IPMA, Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Rua C do Aeroporto, 1749-077 Lisboa, Portugal


Capacidades analíticas do GeoBioTec (UA) disponíveis ao C4G

Fernando Tavares Rocha, Eduardo Ferreira da Silva, Carla Patinha,
José Francisco Santos, Manuel Senos Matias

A – Avaliação de matérias-primas minerais

Difração de raios-X (XRD)

A difração de raios-X (XRD) é um método analítico versátil e não destrutivo de análise das propriedades de materiais como composição de fase, estrutura, textura permitindo a análise de muito mais amostras de pó e amostras sólidas. O difratómetro de pó do GeoBioTec é controlado por software X’Pert-Pro MPD Panalytical e usa um tubo de Cu que produz raios-X Kα (λ = 1,5405 Å). A nossa base de dados é mantida pelo ICDD (International Center of Diffraction Data), que em combinação com o software de análise HighScore, permite o uso de rotinas automáticas para medir e interpretar os difractogramas.

Principais tópicos de pesquisa: análise qualitativa e quantitativa de fases de amostras geológicas, substâncias puras ou misturas; análise da influência de variáveis ​​ambientais ou não ambientais (temperatura, alterações químicas, transições de fase, geo-polimerização); análise da estrutura do material, como tamanho do cristalito, efeitos de orientação preferencial e mudanças químicas em materiais policristalinos projetados, ordem / desordem estrutural; caracterização de (novos) materiais.

Fluorescência de Raios-X (XRF)

O sistema dispersivo de comprimento de onda (WDXRF) Panalytical Axios XRF é um método analítico capaz de determinar a composição química de todos os tipos de materiais (sólido, líquido, pó, filtrado ou forma ordenada). As aplicações são muito amplas e incluem as indústrias de metal, cimento, petróleo, polímero, plástico e alimentos, assim como da mineralogia e geologia, da análise ambiental da água e materiais residuais e ainda com aplicações para a farmácia. A gama elementar é mais ampla, do berílio ao urânio (Be a U) e a faixa de concentração vai de níveis (sub) ppm a 100%.

Micro-analisador de granulometria

Com o Micromeritics SediGraph III Plus, a distribuição de tamanho de partícula é medida usando o método de sedimentação. A massa das partículas é medida diretamente por meio da absorção de raios-X. Ao medir a taxa na qual as partículas caem sob a gravidade através de um líquido com propriedades conhecidas, conforme descrito pela Lei de Stokes, o SediGraph determina o diâmetro esférico equivalente de partículas que variam de 300 a 0,1 micrómetros. Aplicações nas áreas de materiais geológicos e/ou solos, pigmentos, cerâmica, materiais de construção, abrasivos, pós metálicos, produtos químicos inorgânicos e cosméticos.

B – Geoquímica e Geologia Médica

Espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS)

O Laboratório de geoquímica aplicada está equipado com um ICP-MS Agilent Technologies 7700 Series utilizado na preparação e análise de elementos inorgânicos em solos, sedimentos, poeiras urbanas, plantas, águas, sangue e urina.

C – Geologia Isotópica

Espectrometria de massa de Ionização Termal (TIMS)

O Laboratório de Geologia Isotópica da Universidade de Aveiro é o único laboratório de Geociências em Portugal capaz de prestar serviços analíticos de geologia isotópica radiogénica. O laboratório opera rotineiramente para análise de composições isotópicas de elementos dos sistemas Rb-Sr e Sm-Nd, seja por medição de razões isotópicas naturais ou por meio da técnica de diluição isotópica. Exemplos de materiais analisados ​​em nosso laboratório: Rochas – ígneas, metamórficas e sedimentares; Minerais – micas, feldspatos e anfibólios; Argilas, carbonatos, sedimentos e solos; Conchas e foraminíferos; Crostas de manganês do fundo do mar; Aerossóis e suas fases constituintes; Água – mar, chuva, superfície, subterrânea, resíduos e engarrafada; Vinhos; Materiais arqueológicos.

GeoBioTec – Unidade de Investtigação Geobiociências, Geotecnologias e Geo-engenahria
Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro. Campus de Santiago. 3810-193 Aveiro, Portugal